quinta-feira, 16 de junho de 2011

Um.



Branco. Alto. Tinha olhos marrons. Pouco cabelo. Pretos. Não era atlético. Nem fora de forma. Tinha um exuberante sorriso fechado. Não tinha um corpo bem alinhado. Tinha algumas eventuais marcas. Orelhas estranhas. Não tinha uma bunda grande. Nem braços fortes. Era aficionado por calças coladas e blusas regatas. Tinha tara por botas de couro. Usava perfumes diferentes para não marca território. Era de uma beleza incalculável. Era Bruno...
- OI...
- OI...
- Quando você me ligou, eu... Pensei que o senhor já tivesse em Floripa... – disse o menino quase que assustado.
- É bem... Sua tia tá indo embora não?!
 Todos sabiam que sim, os dois sabiam como aquele diálogo no meio tarde e naquela rua iria acabar:
- A Luiza disse nos Estados Unidos o tratamento do câncer já está bem mais avançado que aqui.
- Disse sim.
- É o melhor!
Bruno acabara de fazer 18 anos, seu pai permanecera na cidade desde o natal, já havia passado a primeira semana de janeiro. Estava se preparando para morar sozinho, depois de 18 anos com a tia, Lucélia, irmã de seu pai, que cuidara dele como uma mãe, amável e atenciosa, mas infelizmente contraria tal doença.
- Você realmente não quer ir com elas?
- Elas já cuidaram o bastante de mim pai, é hora dela se cuidar! – disse firme.
 O pai quase que nunca olhava nos olhos do filho rejeitado.
- Eu só quis saber de você! Sei lá, você não fez nenhum vestibular, podia querer algum tempo de descanso em outro lugar...
  Apesar de tudo, o pai, Breno, nunca cometera nenhum ato de pressão sobre o menino, não fazer vestibular ao fim do ensino médio foi um ato aceitável contanto que o garoto trabalhasse no escritório de arquitetura do pai. Pela ausência extrema o pai parecia não dispor de certa moral com o menino. Que sabia aproveitar tal liberdade sem tantos excessos.
- Enfim... – o homem tentou quebrar o gelo diante do silencio do menino. – Você irá morar no meu antigo apartamento...
- Pai... – o menino ficou surpreso, sem palavras abraçou o pai que tentou fingir que aquele abraço era desejado.
 Breno não parecia nem um pouco com Bruno, lógico que ela havia feito exame de DNA, alias o menino era um bastardo. Breno era um homem charmoso, alto, tinha uma voz efetivamente sério e ríspida. Tinha um olhar maldoso e agressivo que o garoto felizmente não possuía. Era um velho sonhador. Sempre quis ser um grande arquiteto. E foi. Construiu seu patrimônio em menos de meia década, em 30 anos de carreira já era o mais conhecido de Florianópolis e de Fortaleza. Teve um casamento. Casamento que acabou com a morte de sua esposa Lilian em 98. Desde então ele nunc a mais teve um caso. A não ser com a mãe de Bruno. Que era um segredo. Que só Breno sabia. O menino assim que nasceu foi posto no nome de Lucélia. Que realmente o criou como um filho. Logicamente Bruno sempre se sentiu meio sozinho. Num mundo fora desse que todos viviam. O pai mal quis o ver a vida toda. Sempre foi às escondidas. Bruno era um segredo. Pelo foi um dia. A partir que o menino foi crescendo. Mudando. Tudo mudou. Bruno aos 14 anos assumiu ao pai ser homossexual. Coisa que não abalou muito Breno. Que sempre esperou o pior do menino. Não por raiva. Mas pela personalidade do menino. Que como ele mesmo sempre disse era igual a da mãe.
- Eu ando ficando em hotéis quando venho mesmo! Tava vazio, já mandei mobiliar, contratei uma boa empregada de confiança. Eu só quero que você seja feliz.
- Eu nem sei como agradecer...
- Não agradeça, é um dever meu como seu... Pai!
- Tudo bem, mas valeu mesmo assim!
- O Suyman e Pedro vão estar prontos pra te ajudar na hora que você precisar.
- Hurrun!
 Os dois entraram no prédio bem a beira mar, Rosália, era uma lugar verde e bem aconchegante, o apartamento do menino era na cobertura, com direito a três quartos e espaço de sobra. Pai olhava o garoto deslumbrado com tudo aquilo e pensava se estava fazendo o certo. Não era mais tempo disso! O havia de ser feito já havia sido feito. Hora de colher os frutos do passado.
- É tudo lindo. Eu nem sei o que falar...
- Esse é o seu quarto.
 Disse o homem apontando para o maior e mais bonito quarto do lugar, com uma enorme varando de frente para o mar e grandes janelas com cortinas brancas e móveis de madeira clara. O garoto não acreditara que aquilo realmente estava acontecendo. Mas estava. Hora de Abrir os olhos...
- Muito obrigado.
 O pai sorriu.
- Eu que agradeço!
- Pelo que?
- Você continuar me amando.
O menino ficou calado, mas seus olhos assim como os do pai estavam cheios de lagrimas.
- Você sempre acreditou em mim. É, eu sei que eu fui o pior pai do mundo. E continuo sendo né?! Muitos me jugariam agora por colocar você aqui sozinho. Mas eu sei que você não faria nada errado.
 O garoto permaneceu calado.
- Você não merece um pai tão tolo como esse que Deus te deu garoto. Eu sei que nem todo mundo gosta de você. O Suyman me disse sobre alguns comentários do escritório. Mas é porque eles não te conhecem.
- Hurrun... – a voz quase não saia enquanto o menino enxugava aquela triste lagrima sozinha.
- Toda noite antes de dormir eu rezo por você. Você só precisa de paz. Eu te amo.
- Também te amo pai...
- É melhor eu ir indo, meu voo sai daqui a duas horas eu sempre me atraso.
- Sempre. – disse rindo disfarçando a voz de choro.
- EU posso te abraçar Bruno?
- Claro que pode...
 Os dois se aproximaram, e pela primeira vez, é isso mesmo. Pela primeira vez eles se abraçaram.
- Eu amo você... Filho...


Seis Meses Depois...

Abriu os olhos devagarinho. Olhou no relógio. Sete e meia. O quarto ainda continuava escuro como se fosse noite. Ele devia estar no escritório às oito. Que droga, pensou o menino. Levantou rapidamente abrindo a porta de vidro da varanda e desligando o ar condicionado. Afastou cortinas. Coçou a testa. Arrumou os cabelos. Escovou os dentes. Urinou. Foi ao quarto de hóspedes em busca da amiga.
- Ju... Acorda amiga, tenho que ir, você deixa a chave debaixo da plantinha viu?!
- Ok, belo pônei cor de rosa.
JU dormia no quarto de hóspedes. Que já devia ser considerado seu, já que todos os dias e finais de semana lá ela estava pronta pra outra balada. Ju era linda, tinha cabelos pretos e curtos, era baixinha e magra, não muito, tinha peitos e todo um corpo bem feito. Tinha 18 anos, era mais velha que Bruno alguns meses, poucos. Era uma boa menina, acabar de passar no vestibular pro curso que sempre desejou administração, e estava felicíssimo com tudo que tava rolando na sua vida, menos o namoro.
- Você ainda tá bêbada. Que droga.
- Não...
 Ju era extremamente desbocada, sua irreverencias sempre foi alvo de criticas, sempre foi odiada na escola. Bruno e ela eram um grupo na escola. Há sete meses acabou a escola mais os laços entre os dois só aumentaram com o tempo. Inseparáveis. Juntos pela ira dos outros. Sim. Eles não foram populares nem tão desejados na escola. Mas enfim. Passado. Hoje em dia são sim populares. Saem em jornais. Revistas. Dinheiro e suas utilidades. Mesmo que Breno nunca gostara de Bruno ficar muito em foco, mas a empresa adorava saber que o herdeiro era um bastardo.
- Cara, eu senti o cheiro de vodca e tequila lá do meu quarto.
- Me lembre de evitar bebidas que acompanhem sal e limão próxima vez. – disse a menina tentando entender o que estava acontecendo.
- Ok, se você lembrar-se de não chamar seu namorado problemático de trouxa na frente de todo mundo de novo.
- O QUÊ? – levantou desesperada a menina, quase que perdendo todo o álcool presente no seu sangue em segundos e ficando séria...
- Você fez isso ontem, e depois jogou um copo de Martini nele.
- Meu Deus. Ele deve tá louco. – atordoadérrima.
- Lógico! Tu ainda ficou gritando que queria ser solteira de novo.
- Sangue de Jesus tenha pode.
- Só Jesus mesmo pra te salvar depois de ontem! – disse o menino rindo.
- Bruno o que eu faço pelo amor de Deus?
- Liga e diz com aquela voizinha de puta: “Ai, Pedro, me perdoa, eu faço um boquete em você e tudo será esquecido, ok?” – disse o menino brincando.
- Não é hora pra brincadeira Bruno.
- E ontem era?
- Putz, sem sermão papai.
- Se vira nega, tô indo, beijo.
-Tô fudida. – disse a menina olhando pro nada.
- Com certeza bela dama!
- Te odeio!
- Te amo, pede pra Raimunda chamar alguém pra limpar o ar condicionado!
- Viado do cão!
- Ah, sem falar que você tá atrasada pro seu primeiro dia de facul...
- Puta que pariu minha sogra...
 O menino saiu do quarto de visitas onde à menina ficou sem saber o que fazer com seu namoro sem amor, na verdade sem nada. Tudo só começou por pura carência. Pedro, era rico bonito, perfeito, inteligente, sexy, perfeito, alto, sarado, p-e-r-f-e-i-t-o. Perfeito pra qualquer outra garota, não para Ju. Sabe quando você prefere não ficar com o garoto bonzinho pra ficar com o safado. Ju fez o contrário. Arrependida. Sem amor. Sem vida. Agora ela só queria reparar o que fizera na noite passada, queria paz. Ele... Pedro queria, ela. Por completa. Superar o passado. Fingir que aquilo nunca havia acontecido. Tudo pra ficar com a garota que ele sempre sonhara pra si.
- Pedro? – disse Diana calmamente colocando as pastas pedidos pelo amigo há pouco.
- Oi.
 Pedro tinha cabelos curtos, não muito, bem claros, quase loiros. Tinha braços e todo um corpo definido. Era quase alto, quase mais que Bruno. Certamente milhares de outras meninas morreriam pra ficar com ele. Mas sabe de uma coisa. Até Ju morreria, se não fosse tão fácil. Pedro fazia o terceiro ano quando a conheceu. Sempre foi muito tímido, e na época tinha uma namorada. Adriana. Pedro com o tempo alimentou uma verdadeira obsessão por Julianne, que de tanta insistência e grude, acabou perdendo todo o desejo por Pedro. Que estava na sua mão. Totalmente sem graça...
- Pedro?
- São os projetos das casas?
- Hurrun!
- Tá ótimo viu, amei tuas ideias, mas é melhor cê apressar um pouco o Suyman quer pra amanhã.
- Meu pai e essa mania de vexame.
- De qualquer forma. Tá tudo aqui viu. Vou merendar depois volto, tá?!
- Hurrun...
- Cê tá bem?
 Silencio...
- Pedro...
- Tô sim, pode ir, valeu!
- Pedro eu te conheço.
Pedro estava meio que paralisado olhando a cidade pela enorme janela vidrada a sua frente, nem se virou pra olhar Diana.
- Não Diana você não me conhece.
- Pedro...
- Nem eu me conheço né?!
- Você vai conhecer um dia.
 Diana era uma típica moreninha, tinha uma pele perfeita e de cor inabalável. Era alta, tinha 1,7. Olhos verdes. Cabelos meio longos e um pouco ondulados tinha uma cor de pele bem andrógena, parecia bronzeada sempre. Sempre se vestia bem e culta. Roupas coladas ou não, ela sempre aprecia sexy, até por ter uma bela boca carnuda e olhos bem fortes. Sempre esteve ao lado de Pedro pra ajuda-lo nessas crises de auto- estima do amigo. Às vezes realmente enchia o saco...
- Quando eu deixar de ser um bobo.
Silencio...
- É isso mesmo, quando você deixar de ser bobo.
- Hummm....
- Então vou indo, fica bem!
 Diana e Pedro sempre foram amigos, desde a escola. Moraram no mesmo prédio a vida inteira. Os dois eram de Recife. Estavam em Fortaleza há alguns anos. Desde que o Pai de Pedro, Suyman, havia se tornado presidente do escritório de arquitetura de Breno, velho amigo de Suyman. Pedro havia perdido a mão quando tinha 10 anos, ela teve um câncer de mama muito sério, que prejudicou todo o resto de seu organismo.  Pedro viveu a vida a sombra do pai, um grande arquiteto. De família tinha sua tia Morgana, irmã de sua mãe e seu primo Michel, que namorava com Diana desde o ensino médio.
 Diana e Pedro passaram no mesmo vestibular. Estavam juntos no quarto semestre de arquitetura.  Diana depois de muita batalha conseguiu uma vaga no escritório de Suyman, agora trabalhava com Pedro, no momento os dois estavam em projetos de restaurações de velhas propriedades, onde Pedro meio que a supervisionava. Mas todos sabiam que o talento da menina era imensamente maior que o de Pedro, que só estava em cima pelo sistema de castas. Um dia tudo iria mudar...
- Como foi isso Guto? – indagou Ju enquanto tomava café da manhã na cozinha do escritório com Gustavo.
- Foi uma loucura né.
- Lógico, o Pedro tá imobilizado. O que a gatuxinha fez dessa vez?
- Ficou tri bêbada e louca no meio do Órbita.
- Meu Deus que mico.
- Na verdade eu não vi tudo sabe. Eu tava lá, ai eu sai pra entender o Henrique que tava ligando quando eu voltei a Ju tava pirada. Mais ainda...

- Vira, vira, vira, vira...! – todos diziam em coro.
- Huuuu, isso é muito bom! – gritou Ju, após virar o como de cachaça.
 Todos a não ser Pedro estavam perto do bar enquanto a balada rolava. Havia algumas pessoas do escritório, coisa que preocupava Pedro.
- Vamo dançar AMIGA! – gritou Bruno.
- Ju, manéira um pouco – disse Pedro preocupado com a situação da namorada.
- Deixa de ser chato Pedrão. – girou Bruno.
- É, deixa de ser chatinho gatuxinho. – disse a menina fogosamente.
- Adoro! Agora quem quer um pouco de tequila? – ofereceu Bruno notadamente fora de si.
- Eu vô tirar a roupa! – gritou a menina no meio da boate.
- NÂO! – gritou Pedro.

- Meu Deus que barra! – disse Diana meio que assustada com tudo aquilo.
- Que barra mermo!
- Pobre Pedro!
 Com tanto tempo de amizade, ouvir aquilo doía em Diana, que tinha em Pedro um verdadeiro irmão.
- Enfim, o Bruno ficou meio que martelando a cabeça dela.
- Cara esse menino é super mal influencia mesmo.
- É, ele é sim...
 Gustavo era o braço direito de Suyman, ou seja, Pedro não gostava muito dele, a única pessoa do escritório que ele tinha intimidade era Diana e sua secretária Gisé, uma velha senhora muito prestativa. Gustavo tinha 23 anos, era muito alto, tinha 1,85 mais ou menos, era branco, tinha cabelos castanhos médios e sempre estava com um sorriso tímido na cara, tinha olhos negros e meio roxos, às vezes ele tinha cara de psicopata. Acabara de concluir a faculdade de arquitetura. Era um aluno bem sucedido. Havia sido indicado pra Suyman, por um velho professor amigo, dos tempos de faculdade. Gustavo era um exemplo de bom caráter, era correto, e sensato. Era gay. Extremamente sério. Ninguém a não ser Diana e Bruno sabia disso. Por ele só Diana saberia disso, mas o gaydar do garoto sempre ficou ligado perto de Guto. Sempre foi um homem muito responsável e sério. OS pais ainda moravam no interior do estado e às vezes vinham o visitar em Fortaleza. Guto mantinha um namoro de dois anos com um cara um pouco mais velho. Henrique, que estudava moda e no momento estava num curso em Milão, que estava a duas semanas de acabar.
 Gustavo tinha um defeito. Não sabia lidar com problemas. Fingia que eles não existiam, os guardava dentro de si. A sete chaves. Era algo que o deixava mais introspectivo. Seu relacionamento com Henrique era regido quase que pelo medo. Medo de machucar alguém. Guto soube desde o primeiro dia que nunca amaria Henri, lutou esse tempo todo por algo que nunca acreditou. Henrique fingia que o amava e ele fingia que acreditava. Bem parecido com o que Ju e Pedro mantêm. No fundo, Gustavo gostava de Bruno, e toda sua impulsividade, todo seu descontrole, toda sua felicidade. Tudo que ele nunca conseguira pra ele.
- Tá de ressaca Bruno? – perguntou ao encontrar o menino no corredor
- Num tenho esse tipo de problema que os pobres fracos sofrem.
- Hum, sei! Chegou vivo em casa?
- Acho que se não, você não poderia estar falando comigo agora, a não ser que você seja algum tipo de paranormal.
- Hum, e a Ju tá melhor?
- Desculpa Gustavo, mas acho que não é da sua conta.
- Hum...
- Mas se você quiser a gente pode entrar na cozinha e dá uns amassos!
- Hum... A Gisé tá comendo a torta de morango matinal dela.
- Light?
- Não!
- Cara, eu já disse mil vezes que na idade dela isso é como lamber cachorrinhos lindos peludos portadores de raiva.
- Eu me perdi no meio da sua fala, mas, a questão é que Bruno... Eu tenho namorado. – disse Gustavo tentando ter o foco de volta.
- Eu sei, e isso só me deixa com mais tesão. – disse empolgado.
- Eu não traio.
- Não me importo eu também não traio.
- Você nem tem namorado.
- Tanto faz!
- Tanto faz nada.
- Que eu saiba, seu querido namorado tá há centenas de quilômetros daqui, cercado de centena de gays que desistiram da vida cheia de negações que um padre deve ter, isso é inegável...
- Como...?
- Vamo entrar no seu escritório e curtir um pouco, eu sei que você gosta do meu perfume, sempre cê fica com um cara de idiota quando eu passo.
- É uma essência muito boa.
- Boníssima meu filho.
- Bruno eu não posso.
- O que o que os olhos não veem o coração não sente meu rapaz, vamos!
- Eu não sou pra você.
- Quem disse isso?
- Sua idade!
- Isso não importa!
- Não Bruno! Pra mim isso importa.
- Pra mim não. Eu que devia reclamar pegar um velhaco como você, mas sou bem caridoso com a terceira idade...
- Pra mim, você é um garoto cheio de coisa boa pela frente, cheio de coisas melhores pra se preocupar do que eu.
- Pra mim também, eu me importo com você! Venhamos e convenhamos, o Henrique é muito feio pra você.
- Ah... Eu gosto dele e é isso que importa pra mim.
- Eu tenho certeza que eu gosto mais de você do que ele.
- É diferente.
- Não, não é!
- Ele é uma pessoa muito especial pra mim, e eu nunca faria nada pra machuca-lo.
- Espero que ele pense o mesmo agora.
- O que você quer dizer com isso?
- Todo mundo sabe o tipo de gente que ele costumava andar Guto, com licença tô meio que ocupado pra perder tempo com gente cega hoje.
Realmente Henrique nunca cultivou uma boa reputação, sempre frequentou boates de baixo escalão, até mesmo pra gente de baixo escalão, teve amigos mal intencionados, que sempre se aproveitaram de sua ingenuidade, passou por inúmeros vexames e só conseguiu enxergar o que estava acontecendo na sua vida quando conheceu Gustavo, num nada rotineiro passei por uma boate bem badalada da cidade. Depois de a noite quase toda insistindo, conseguiu dar um beijo em Gustavo. Que não estava tão afim. Henrique não era feio, era bonito, tinha um bom gosto para roupas, era educado, mas muito burro, ingênuo e nada faceiro. Gustavo com o tempo de insistência acabou por achar que podia ajudá-lo, se apegou. Não era paixão, era uma amizade. Irmandade. Que Henrique nunca quis entender...
- Bruno...
- Que foi Guto?
 Não havia o que ser dito. Pelo menos a verdade doía demais em Gustavo.
- Nada.
- Ok. Com, licença!

- Vamo pra tequila gata?- incentivou Bruno.
- Lógico! – aceitou Ju.
- Pera ae gente, vocês tão ficando bêbado muito rápido relaxa um pouco! – exclamou Pedro preocupado!
- Gatuxinho, a gente tem que ir pra casa cedo, amanha começa minha faculdade. Deixa eu curtir, nem vou dormi em casa, tenho que aproveitar!
- Tá todo mundo vendo isso Julianne. Que vexame!
- Cê tem vergonha de mim?
- Não é isso...
- E o que é? Fala droga! – a garota gritou descontrolada.
- Você... Tá se comportando feito uma louca. Fica feio!
- Pra que? Essa sua imagem de garoto perfeito! Perfeito o caralho!
- Cala essa boca Julieanne!
- Para ae Ju, pera Pedro, me deixa levar ela no banheiro. – disse Bruno tentando levar a amiga pra fora da discussão.
- Me solta Bruno... Ele quer que eu escute os problemas dele agora eu que falo os meus.
- Ju, cala essa boca diva. – disse Bruno começando a ficar preocupado com a situação.
 Gustavo chegou perto de Pedro e tentou tirá-lo de perto da namorada, mas o garoto insistiu. Pedro sempre foi um bom namorado, educado e fofo. Mas ninguém nunca o vira com raiva, e com raivas nos tornamos pessoas diferentes.
- Você é um idiota Pedro, e eu tô cansado de ouvir essas idiotices sobre prédios velhos e seu relacionamento falho com seu pai. Você é super problemático e tá me deixando loca igual você...
- Ju... – Bruno tentou completar a frase, mas não conseguiu ao ver a cara de decepção de Pedro.
- Chega Pedro, chega. Sabe uma coisa? Eu vou embora seu trouxa! Vamo Bruno!

- Pedro?
- OI...
- Cê tá melhor?
- Hum... Tô sim Diana, pode relaxar.
- Você nem tocou no café que eu trouxe, a Gisé vai ficar chateada.
- Tô sem vontade.
- CÊ quer conversar.
- Não.
- Vamos almoçar fora? No Laredo, eu sei que você adora.
- Vô pedir alguma comido pelo telefone mesmo.
- Vamo no cinema ver algum filme... Capitão América?
- Não. Brigado, mas num tô afim...
- AH, sabe de uma coisa? Chega disso viu. EU sei da briguinha que você teve com a Julianne.
- Quem te contou?
- Todo mundo sabe disso aqui.
- Foi o invejoso do Gustavo né. Eu sei que foi, vocês só andam juntos aqui mermo.
- Ia importa quem foi?
- Na verdade não...
- Você podia tentar desabafar comigo.
- Não quero.
- Você realmente é um trouxa mesmo! – disse Diana revoltada com a situação em que o amigo se encontrava.
- Como?
- Cara, você ajuda essa menina o quanto você pode, é essa quanto é muito. Você baba, faz o que ela quer cê tá na mão dela. Mas saiba de uma coisa querido amigo. Você tem suas cartas na mão.
- O que você quer dizer com isso.
- Ela tem um monte de segredinho que eu sei. Chega de ser vitima.
- Tipo?
- Fala pros pais dela que ela bebe.
- Não, isso seria muita maldade.
-Ela nem pensa nisso quando vai te fazer passar vergonha.
- Cê tá certa!
- Claro que eu tô.
- EU vou ligar pra casa dela agora mesmo.
- Vai sim!
Pedro sabia que bebida era algo que a família de Ju detestava, os pais tiveram alguns problemas com isso algum tempo atrás, saber que a filha também bebia seria como mata-los. Ju tinha um irmão, Junior, que era espécie de escudo pra Ju. Um garoto muito preocupado com o irmão, que gostava do namoro com Pedro, pois sabia o quão Pedro era preocupado com esse tipo de coisa. Como o namorado da irmã era ajuizado e sério.
- Você chegou agora? – perguntou Junior ao ver a irmã em seu quarto ao passar pelo corredor da casa.
- Hurrun...
- Ju, cê já almoçou?
- Almocei sim, lá no Bruno!
- Tudo bem.
 Junior olhou a irmã por um segundo, a menina se olhava no espelho sentada sobre a cama de colcha rosa clarinho.
- O que você fez ontem?
- Tanta coisa meu irmão...
- O Pedro ligou...
- O Pedro o que? – disse indignada.
- Ele ligou e disse o que você fez ontem.
- E o que... O que ele disse?- perguntou a menina tentando se acalmar pra não dar tanta bandeira.
- Que você bebeu feito uma louca e humilhou ele na frente de todo mundo... – Junior sabia muito esconder sua indignação, mesmo sufocado p0r dentro sempre parecia calmo.
- Ele não tem esse direito. – logo a garota estava indignada novamente.
- E você tem esse direito?
- Que direito?
- De mentir pra gente! Se passar de boa menina pro papai liberar a grana pra voe ir beber com aquele loco do Bruno e virar a lata feito uma vagabundinha de quinta por ae?
- Fala baixo Junior, alguém vai escutar!
- Deviam mesmo!
- Junior me escuta pelo amor de Deus! Não conta isso pra ninguém...
- Você teve sorte de não ter ninguém em casa, eu que atendi e telefone e soube dessa merda toda que você fez.
- Junior me perdoa, eu só queria comemorar.
- Comemorar o que? – indagou quase gritando.
- Você nunca fala assim comigo! – Ju já chorava nesse momento.
- Eu não sabia que voe era uma mentirosa.
- Você não tem o direito de me chamar disso.
- Você não tem o direito de maltratar seus pais assim!
- Junior eu errei, desculpa, relaxa cara.
- Relaxa nada. É a ultima vez que eu quero escutar esse tipo de coisa de você.
- Hurrun... – disse baixinho limpando as lagrimas.
- Cê quer que eu vá te deixar na faculdade? – disse o menino meio triste.
- Era de manhã eu já perdi o primeiro dia...
 Junior nem comentou...
- Tudo bem, vou pro meu quarto.
- Hurrun...
 Ao que irmão saiu, Ju trancou a porta e caio em prantos sobre a cama. Pobre menina rica...

- OI Gisé linda.
- Oi Bruno Lindo!
- Diva!
 Gisé devia ter uns 70 anos, era uma bela velinha, bem branquinha e com olhos azuis bem destacados pelo cabelo braço, sempre usava vestidos coloridos bem característicos, cobrindo todo o corpo como aconselhara seu falecido Marcílio. Aliás, Marcilio era um dos 18 ex-maridos da pobre Gisé. Que com certeza já teve muitos momentos... De amor...
- Divo era o Marcílio, aquele homem sabia fazer uma mulher gritar feito a Mariah Carey.
- Gente que máximo!
- Pois é meu filho, numa tarde a gente fazia oito vezes.
- Gente!
- É meu filho. Marcílio era um animal.
- Qual o tamanho?
- Um pouco mais que minhas duas mãos.
- Sério?
- Ele me ajudava quando eu queria vomitar pra emagrecer.
- Como?
- Cê sabe!! – Gisé disse fazendo gesto com as mãos perto da boca.
- Hum... Achei tendência.
- Tendência foi ele me fazer gostar de sexo anal!
- Naquele tempo?
- Marcílio não gostava muito de jogar em campo molhado.
- Hum... Bem que meninos não menstruam.
- Era inútil. Marcílio me fazia sangrar em qualquer.
- Bulinada poderosa.
- Bote poder naquilo.
- Como acabou esse sonho Gisé?
- Ele me traiu com uma mulher do circo que tinhas duas vaginas.
- Mas ele só tinha um...
- Digamos que ele também carregava ovos de avestruz suculentos!
- Hum...
- Qual a pornografia da vez querida Gisé? – perguntou Guto que passava pela mesa da secretária sorrindo.
- Que pornografia o que seu Gustavo. Cê sabe que eu sou uma dama.
- Na rua. – retrucou o rapaz.
- Entre quatro paredes é outra historia né Gisé?!
- Com certeza Bruninho. Esse ai num sabe o que é uma trepada.
- Que é isso Gisé?! – Guto levando na brincadeira e entrando na sala pra atender o celular.
- Hum...
- Menino! – disse Gisé pensativa ao ver Bruno olhando Guto.
- Cê gosta dele não gosta?
- Hum...
- Pode falar!
- Gosto. Gosto sim Gisé.
- Te apoio nessa.
- Brigado Gi diva!
- Aquele namoradinho dele é muito feinho, estranho, sei lá...
- Sério Gisé?! Pensei que só eu pensava isso.
- Meu filho aquele bicha véia, não merece um príncipe desse não.
- Fato!
- Eu vou te ajudar!
- Sério Gisé?!
- Lógico eu sei muito sobre homens.
- Imagino.
- 18 não é meu numero as sorte a toa.
- Sou teu fã Gisé!

- Oi Henrique! Eu...? Tô bem sim. E você?
 Pelo telefone, Gustavo falava com o namorado no outro lado do mundo. As mãos no cabelo. Os olhos vendo o nada. Guto tentava manter a naturalidade. Tentava assim como o namorado deixar ir. Continuar.  Mesmo sem causas pra isso. Mesmo sabendo que nada mais permanecia igual. Era incrível como Henrique conseguiu passar tanto tempo com Gustavo. Incrível como Guto já não havia fugido dele e seu controle obsessivo. Falta se segurança. Coisa se alguém que nunca imaginara ficar com alguém belo e inteligente quanto Gustavo. Henrique tinha 32 anos. Uma idade ícone. A idade em que os gays decidem ficar com novinhos. Pelo menos na maioria lolitos. Com menos de 20.
Henrique era muito passivo pra buscar carne nova. Gustavo e toda sua timidez cheirando a sexo juvenil e ativo movia o tesão de Henri. Que só usava o namorado pra mostrar aos amigos. Cheios de inveja. Amizades fracas. Fracas como Henrique...
- Eu preciso desligar chegou um importante empresário aqui na sala. – disse fingindo seriedade e rindo pra Diana que acabara de entrar no lugar rindo.
- Adoro. – sussurrou a colega...
- Tá certo, tua mãe mandou umas coisas na ultima caixa que eu mandei... Beleza... Beijo... Depois a gente se fala, agora tô ocupado... Tá... Tchau... Vou desligar...
- Hum...
- E o que essa bela dama quer no meu escritório? – disse Guto numa rara piada.
- Querido eu sou um importante empresário da cidade esqueceu?
 Risos.
- Desculpa, parece que o Henrique sempre tem mil problemas pra estressar.
- Sei como é isso. Sou menina.
- Pois é, ele meio que me enche às vezes...
- Acontece, relacionamento não funcionam sem estresse...
- Sério?
- É o tesão da coisa. – disse Diana suspirando.
- Uh, você sempre é erótica. Eu não acho que seja, mas...
- É realmente seu namoro é um lixo.
 Risos...
- Se você tá dizendo.
- Se você não tá negando.
- Num sei de nada. – disse Gustavo sem saber se ria ou chorava.
- Relaxa. Tudo nessa vida passa...
É Diana, tudo passa...

- Bom dia Suyman querido cê me chamo?
 Disse Bruno entrando na sala do chefe devagarinho.
- Chamei sim meu jovem! Pode sentar meu querido.
- Beleza!
 Alberto Suyman. Suyman não era sobrenome. Era um homem bem cuidado, cabelos bem corados e unhas feitas, roupas finas, era gordo, velho, coisa que algumas plásticas disfarçavam. Não parecia em nada com Pedro, que era a cara da mãe alemã, Dora. Suyman era um homem suave, não era carinhoso com todos, Bruno era quase exceção, era como obrigação tratar o menino bem pela situação perante o mundo. Querendo ou não, Bruno sempre teve todo o instinto decidido que Pedro nunca teve.
- O que o senhor queria me falar?
- Meu jovem eu sei que você e me filho saem muito e...
- Hurrun!
- EU queria saber se...
- Se...?
- O Pedro é...
- É?
- Bicha? – Suyman quase sussurrou olhando pra todos o0s lados em busca de algum curioso.
- Não Suyman, que é isso?! Ele e a Julianne fazem o diabo a quatro.
- Sério meu filho?
-Seríssimo. Ele pode ser quentinho, mas eu sei que abala uma mulher. Fora que é super bem dotado se você me entende! – disse Bruno piscando.
- Isso ele tem a quem puxar. – disse o velho se gabando.
- Hummm... Enfim...
- Muito obrigado meu jovem pode ir! – exclamou o velho pondo os óculos e pegando uma folha sobre a enorme mesa de madeira e vidro para ler!
- Como?
- Era só isso meu querido!
- Suyman porque você tava pensando isso?
- Meu jovem o querido Pedro tava tão desanimado...
- Sei... Eles brigam muito... Mas depois...  Suyman cê sabe que eu detesto fofoca. – disse o menino debochado.
- Sei sim... – o velho desconfiado quase não dizia anda depois dessa.
- Tem dia que a Ju nem consegue levantar. Quase paraplégica. Acabado. O cheiro de sexo vibra no corpo dela.
 Silêncio lógico!
- O Pedro anda tristonho, cabisbaixo.
- É a idade. Relaxa Suyminha, isso é bobeira.
- I Hope So Little man.
- É sim Suyman.
- Se não será!
- É assim que se fala gostosão!
- Olha o respeito meu jovem. – exclamou o velho rindo.
Bruno saiu do escritório do velho Suyman sorrindo. Já era o fim do seu expediente. Passou por Gisé...
- Tchau Gata. Vô já caminhar e paquerar litros no calçadão pra garantir o gatinho da noite.
- Vai catá. Trepa muito querido. – disse a anciã eufórica.
- Vô sim danada!
Logo o garoto entrou no elevador...
- Agora o dia começa!
Saiu do prédio, seguiu alguns quarteirões, chegou ao Rosália, falou com porteiro Antônio:
- E as novidades gatinho da praia.
- Tem nada não doutor.
- Que barra Antoninos.
Subiu na sua casa, banhou, botou um short curto de correr, uma camisa branca sem estampa e o ipod. Não demorou pra Bruno descer e começar a correr com Ju que o esperava já no calçadão bebendo uma água de cocô. Ju começara acorrer pela orla com o menino a pouco tempo. Simplesmente ela saiu da academia que por acaso era mesma de Pedro pros dois não ficaram tanto tempo juntos. Enfim, ela fugia dele sempre. Os dois começaram a correr em direção ao lado oeste onde Junior estaria jogando vôlei com os amigos pra levar Ju de volta pra casa. Não demorou pra menina contar o ocorrido de Pedro ter ligado pra casa dela e por sorte (ou não) ter falado com Junior e contado tudo sobre as farras cheias de bebedeiras e brincadeiras de mau gosto:
- Cara eu não acredito que o Pedro fez isso! – o menino disse indignado!
- Sabe de uma coisa?! Nem eu. O animal ainda passou o dia me ligando. Sei não viu! Dessa vez ele vai ter que penar!
- Sempre levando em consideração que isso foi uma erupção de um vulcão que a séculos você vinha alimentando.
- Você vai defender ele ou eu?
- Essa não é a questão dona Juliane! Ele também tem sentimentos, e ontem tu vacilou feio também. Não culpe só ele por uma coisa que os dois têm culpa. – disse cheio de razão pra garota cabisbaixa.
- Ju querida amiga, cê sabe! O Pedro pode ter vacilado, mas cê também tem certa culpa no cartório...
- É eu sei... – continuamente cabisbaixa.
- O Pedro sempre foi e continua sendo o melhor namorado do mundo. Ele sempre aguento tuas putarias. Sempre foi com a gente pra todo canto. Pra boate gay amiga. Não é todo cara hoje em dia que ia aceitar ir todo fim de semana pra boate gay...
- Pois é...
- Fora que ele nem bebia pra poder dirigir e deixar a gente em casa. Pelo amor de Deus.
- Ai meu Deus! – disse o garoto pondo as mãos em direção ao céu.
- Qualquer ser humano ia amar ter um namorado desses!
Silêncio lógico.
- Próximo assunto! – gritou a garota tensa.
- E a facul? Não devia começar hoje não?!
- Errei de datas. Começa amanhã. Dia 16.
- Hum, normalmente começa na segunda né!
- Não lá.
- Que barra!
- Enfim... E o André?
- Que é que tem o André?
- Cês tão ficando?
- Não!
- Mas vocês ficaram sexta e sábado...
- E nada amis, que eu saiba, aquele ex-namorado chave de cadeia dele persegue ele até no inferno, eu só fiquei com ele por puro fetiche em abdomens...
- Ai eu acho ele super fofo, tu também nunca dá valor pra esses caras que te dão valor...
- De qualquer forma? Cadê teu irmão querido?
- Tá ali. Com os amiguinhos saradinhos dele.
- Já pegou todos né vadia?
- Alguns digamos!
- Com exceção do Douglas que não sabe falar, usa aqueles óculos esquisitos com 230 gruas, usa essas roupas exóticas. Todos os outros.
- Você faz aparecer que eu sou uma vagabunda de primeira.
- Não, você é de segunda mermo!
 Os dois já haviam corrido por alguns quilômetros quando finalmente chegaram numa parte da orla onde havia quadras na própria praia de vôlei e uma área de pratica de esporte, onde havia criança, velhinhas e babás. Junior estava na segunda quadra, mais perto do mar. O time dele era cheio de belos rapazes, mas nenhum se comparava ao belo moreno forte, alto e com uma bela e suculenta pele morena, com um ralo cabelo preto e fortes olhos verdes. Homem que acertou a bola de vôlei em Bruno que estava de costas pra praia e levou a bolada bem na cabeça...
- Bruno, abaixa! – gritou Ju que viu a bola tarde demais.
 O impacto da bola foi certeiro. Já que o campo da frente tava vazio, na hora que o moreno foi sacar seu erro fez com que a bola fosse pra trás em direção a rua, no casa em direção a cabeça do menino. Que caiu. Ju não sabia se ria pela extrema conhecidência ou tentava ajudar o amigo. No caso ela o levantou rindo.
- Para de rir sua chata. Que merda. Tá vermelho? – exclamou o menino indignado.
- Seus cabelos tão cobrindo! – disse segurando a risada!
- Cê que vive me humilhando por ser careca, agora eu não sou careca né! – disse o menino cheio de raiva e segurando o riso ao mesmo tempo.
- Para de pití Bruno lindo.
- Quem jogou a porra dessa bosta dessa bola aqui?  - gritou o menino ao se virar em direção à praia olhando pros garotos que jogavam.
- Junior seu idiota! – gritou Ju, enquanto os meninos riam da situação.
 Pra deixar bem claro, os risos não eram de preconceito, pelo contrário, era pura brincadeira. Os amigos de Junior assim como Junior e Julianne, todos sempre foram grandes amigos. Alguns estudaram com Ju e Bruno, outros com Junior. Eram um grande grupo, que sempre saiam juntos, viajavam. Bruno era o coringa do grupo, que sempre fazia piada e os garotos nunca se sentiram mal com ele nem o inverso. Nada de preconceito bobo. Porque cada um sabe o que é. E os outros? Os outros são os outros...
- Não fui eu, foi o Léo! – disse o rapaz apontando pra o belo moreno, único que não era conhecido de Bruno.
- Idiota! – gritou menina – Gostoso! – sussurrou baixinho.
- Desculp...
 O belo moreno não pode nem concluir sua frase, era tarde demais. Bruno havia sacado a bola fortemente em direção ao garoto. Adivinha onde a bola acertou em cheio? É, lá mesmo. Léo (o mesmo moreno) caiu na areia de dor segurando as suas “partes”...
- Desculpado. – gritou o menino.
- Você acabou de quebrar o brinquedinho dele, ele devia ter tanto potencial. – disse a menina, tristonha.
- Também acho desperdício, mas ele precisa aprender que ninguém com BBP.
- Jamais!
- Vamos comer, que esse jogo vai demorar.
- Jogador abatido!
- Beleza... – gemeu Léo ao chão cercado pelos outros meninos.
- Relaxa cara passa um gelinho ou pede pra uma mina fazer uma oral chupando com halls. Refrescante! – brincou Junior.
No Rosália era hora de despedida, o porteiro Antonio ajudava a carregar a imensidão de malas do morador do terceiro andar, John. John era americano, nunca vira Bruno, namorava Cássio, melhor amigo de Diana. Pura conhecidência. John era um homem rico tinha 37 anos e tinha uma empresa de informática nos states, havia se apaixonado por Fortaleza há alguns anos quando conheceu Cássio pela internet. Ao contrário do corpo magrelo e sem sal de John, Cássio era um homem perfeito, alto, forte, trabalhava numa famosa academia na cidade. Havia ganhado um apartamento do John há pouco tempo. E agora acabara o tempo e férias do ricaço que teria de voltar pros EUA. Trocando em miúdos, Cassio era um homem lindo de 23 anos que se aproveitava do dinheiro, bota dinheiro nisso, do feio e ingênuo John, que sempre o custeou, achando que Cassio era fiel e o amava. Cassio amava sim, o dinheiro dele lógico. Cássio era tinha um corpo durinho, sem músculos exagerados, era de cinema, tinha uma sexy barba ralinha, olhos negros profundos, era um belo homem ao contrário do namoradinho extremamente branco e de olhos azuis que ele tinha.
- Eu vou morrer de saudades... – sussurrou John num português estranho.
- Eu... Também vou. – disse Cassio baixinho.
- Tchau, o taxi ta esperando. – o magrelo John tentava abraçar o gigante namorado brasileiro.
- Tá sim. – disse tirando o namorado que o rodeava dele.
- Tudo bem vamos!
 Com ajuda de Antonio que viu o abraço tentando segurar o riso da cena. As malas quase não cabiam no porta malas, algumas foram no banco com John que desapareceu no meio de tanta coisa.
- Eu volto logo meu amor. – disse baixinho pro namorado que se inclinava pra velo pela janela.
- Hum... Beleza. – respondeu tenso.
 O taxi branco logo foi embora com o pobre americano magrelo e inocente, que nem notou os pulos de felicidade que o namorado deu ao vê-lo virar na esquina.
- Agora eu curto essa vida loco.
 Seu Antonio só rira do moço que não parava de rir e pular entrando no prédio.
- Agora eu me jogo na balada seu Antonio.
- Juízo meu filho!
- Cê devia falar isso pro gringo eu tenho juízo de sobra!
- Tem nada... – disse o porteiro bem baixinho pro gostosão não ouvir enquanto entrava no elevador.
  No elevador Cássio logo pegou o celular...
- OI! Hoje dá pra tu vim aqui em casa?
- Posso sim! Depois das oito.
- Beleza, tá ótimo.
- Já se livrou do gringo?
- Lógico! E tu? Já se livrou do Pedrinho?
 Diana olhava Pedro de longe, o menino desenhava nos papeis sobre a mesa bagunçada.
- Ainda não! – disse a menino demoniacamente.
 A menina fechou o celular vermelho e guardou na palma da mão. Diana atravessou o corredor e Gisé até voltar à sala de Gustavo que já havia terminado de análise o projeto da garota que se sentou na cadeira enquanto Gustavo olhava o mar pela grande janela de vidro que iluminava o pequeno cômodo branco.
- E ai meu querido?
- Diana eu quero que você seja sincera!
- Tudo bem, diga!
- Pelo que você disse cê botou meio que mais fogo na fogueira naquele negocio da Ju de ontem pro Pedro não botou?!
- Ela é uma vadia! – respondeu indignada.
- Pelo que o que eu tô percebendo, você tá tentando atrapalhar ele.
- Ah... – a menina ficou um tempo de boca aberta.
- Você tá fazendo pra ele não conseguir terminar o projeto, né?
 A garota não disse nada...
- Você não precisa disso.
- Não, cê tá entendendo tudo errado!
- Pois me explique...
- O Michel chega amanhã, e o Pedro odeia ele, afinal, o meu namorado roubou a namorado do Pedro, enfim, faz muito tempo, eu já superei isso, a gente dava separada na época, mas o Pedro meio que sempre fica remoendo isso. Sempre lembrando.
- É algo difícil de separar.
- E agora o Suyman chamou o Michel pra morar com ele. Botando o Michel e Pedro na mesma casa, sobe o mesmo teto. Eu só quero que o Pedro se preocupe mais os problemas dele pra deixar o Michel chegar em paz...
- Você parece obcecado por esse Michel.
- Eu amo ele.
- Cuidado pra isso não te cegar.
- Faço das suas palavras as minhas... Pra você!
- Como assim?
- Eu sei que você gosta do bastardinho. – disse a menina visivelmente alterada.
 Diana zangada sempre parecia uma vilã de novela malvada e vingativa. Ela realmente era...
- Quem?
- O Bruno!
- Isso não é jeito de se chamar o seu patrão.
- O pai dele é ele não é nada, serve o café. E pronto.
- Porque é humilde o bastante pra isso. Ao contrário de você que faz de tudo pra derrubar o o Pedro do lugar dele.
- Você sabe que eu sou melhor que ele.
- Em técnica...Mas em caráter deixa muito a desejar.
- Você não tem moral nenhuma pra falar assim comigo.
- Nem você do Bruno...
- AH, melhor eu sair fora daqui, você tá muito CEGO.
 Gustavo sentou e tentou relaxar um pouco depois que a garota saiu mostrando seu veneno. De vez em quando os dois discutiam. Diana sempre teve esse gênio. Primeiro passo de quem não quer aceitar que o namorado não vale nada: Negação.

Quatro viam no carro vermelho de Junior. Juliane atrás ao lado de Bruno e Douglas ao lado do motorista... Junior lógico.
- Ju quando você quiser eu posso te ajudar em calculo, já tô no quinto semestre de administração, é bem puxado, ia ser bom a gente passar esse tempo junto.
- Evapora Douglas. – respondeu a garota.
 Junior deu uma grande risada e depois um soco no braço fraco do amigo idiota.
- Hum, pra quebrar o gelo gente, quem era aquele que acertou o Bruno. Ele vai ganhar o Nobel da Paz certeza.-  Perguntou Ju avançado no irmão ao volante.
- Otária. – retrucou Bruno.
- O Leonardo. Não lembra dele?
- Não... – disse a menina.
- Ex da Raissa.
- Devassa a Raissa viu – exclamou Douglas.
- Ah é mesmo. – exclamou a menino parecendo lembrar do moreno. – Sabia que conhecia aquele menino de algum lugar.
- Quem é JU? – perguntou Bruno, fingindo desinteresse.
- Aquele que a Raissa traiu com o bombeiro. Levou pra casa dela, transou até quebrar a mangueira do cara e a família toda ter que ir pro hospital pra ajudar o moço. Todo mundo ficou sabendo. Inclusive o pobre Léo. – explicou Ju.
- Corno! – gritou Douglas.
- Ele tinha sumido né!
- Chegou semana passada. – disse Douglas.
- De onde? – já mais interessado. Bruno.
- São Paulo. Ficou um ano lá com a mãe dele. – Completou Junior.
- Hum...
- Chegamos... – disse Junior ao parar em frente ao Rosália.
- Valeu gente.
 Logo o menino entrou no prédio, passando por Seu Antonio que regava as flores do jardim naquele fim de tarde e apontou pra menina que esperava Bruno nos sofás da sala do elevador.
- Oi Alana linda!
- OI meu amor.
- Tá esperando há muito tempo?
- Não querido acabei de chegar, bem na hora que você chega das caminhadas do sucesso.
- Lógico danada, tem que manter esse corpo forte pro sexo selvagem.
- Adoro!
- Mulher tu perdeu a Ju acabou de vir me deixar.
- Que pena, num vejo ela desde daquele dia que ela bodou no show do Eva. EU quase morro de rir do Pedro carregando ela morto de sono.
- E eu, eles são uma graça.
- Tá bom o namoro?
- Tá né. Levando.
Alana era pequena, meio fadinha, magrinha e de uma beleza singela e simples, tinha um cabelo loiro bem curtinho, regado por uma enorme franja que quase cobria seu olho esquerdo, tinhas algumas tatuagens e lentes verdes nos olhos. Vestia-se com vestidos bem caricatos e coloridos. Era amiga de Bruno e Ju desde os tempos de escola. Sempre foram amigos. Até porque Alana sempre foi lésbica, e ajudou muito Bruno a conhecer esse mundo colorido. Sempre arranjava caras pro Bruno numa época que Bruno não era popular nem tão bonito. Alana meio que foi a pessoa que levou Bruno pela primeira vez pra uma boate gay, sem Ju. Bruno pegou quatro. Ela não ficou com ninguém, pois era perdidamente apaixonada por outra colega de classes deles Maria, que ainda não chegou a hora de ser abordada na história.
- Cê trouxe o filme?
- Lógico.
 Naquela noite os dois viram Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1 Bruno havia se empolgado pra ver o ultimo filme, e chamou a amiga pra ver o anterior, pra entender a continuidade. Ao fim do filam Alana foi embora os pais dela não deixavam ela ficar até tarde na rua por alguns problemas que ela teve no passado.
- Tchau linda!
- Tchau meu gostoso.

Gustavo chegou em seu apartamento cansado naquele dia, ele morava mais afastado do escritório, num bairro mais perto de outra famosa praia da cidade. Nem sabia o que fazer. Já havia esquecido a pequena discussão da Diana. Na verdade tinha uma coisa que ficou martelando a cabeço dele...
- Eu sei que você gosta do bastardinho.
- A Diana é uma cobra mesmo. – disse mesmo estando sozinho em casa.
 Gustavo não sabia se gostava de Bruno... Mas sabia que sentia alguma coisa quando estava perto, uma coisa que ele nunca havia sentido com Henrique...
- Bruno...

O aparelho de som tocava uma musica bem animada da Madonna. Até que a menina estressada chegou perto e o desligou.
- Diana, eu tava curtindo! – disse Cássio que parou de dançar automaticamente.
- Cê não tem mais idade pra ficar ouvindo essa anciã.
- Ela não é velha. Madonna é eterna.
- Enfim... Tô cheia de problema.
- Falta de sexo. Relaxa, amanha tu trepa até o dia raia com aquele pilantra que tu chama de namorado.
- Olha o jeito que tu fala do Michel viu Cássio.
- Por quê? Tô na minha casa madame falo o que eu quiser.
- Sua?
- Minha!
- Essa quitinete é daquele gringo otário que pensa tu é flor. Seu cacto safado.
- Quitinete? Isso é prédio é na Beira Mar minha querida. E quanto ao John ele é um pouco avulso.
- Enfim... O Gustavo tá tão afim daquele bastardinho que a qualquer hora ele demite a velha que é secretária dele e bota o menino só pra fica rolhando pra ele.
- Quem é bastardo? Quem é velha? Quem é Gustavo?
- O Bruno imbecil.
- Humm. E o resto!
- Não interessa.
- Tá!
 Cássio tinha um jeito meio tolo e era totalmente submisso ao controle de Diana.
- Eu já sei...
- O que!
- Se o Bruno tiver um namorado, o Gustavo desanima dele e... Vai deixar de ser um idiota.
- Vai sim... – disse mesmo sem entender o que a menina dizia.
- Você!
- Eu?
- Você vai namorar com o Bruno.
- Eu já tenho namorado.
- Nem sua mãe sabe dele.
- Gosto de segredos.
- Faz isso por mim meu amigo.
- Diana pé complicado. Queria me jogar na balada.
- O John só volta no natal. Tu termina com o Bruno em outubro.
- Hum...
- Final de setembro.
- Beleza, aceito.
- AI eu te amo sabia?!
- Não sei não.
- Claro que amo.
- Mas eu nem sei se ele faz meu tipo.
- Quem pega John paga tu querido.
- Pobrezinho!
- Enfim, vá lá vá!
- E quando você quer que eu comece isso?
- Agora?
- Tipo agora mesmo?
- Lógico, sobe lá.
- Mas vai dar meia noite todo mundo tá dormindo.
- Vai ver cê dá sorte.
- Beleza e você vai ficar fazendo o que aqui?
- Tomando meus bom drink.
- Tudo bem, volto logo.
- Pode demorar, acaba com ele. Não quero ver nem sinal dele amanha no escritório. Leva um vinhozinho.
 Cássio saiu do apartamento com o vinho caro na mão...

Cinco minutos antes...

Alguns andares acima. Bruno tentava dormi quando o telefone tocou, era seu Antonio:
- Desculpa atrapalhar seu sono seu Bruno, é que bateram no seu carro aqui no estacionamento... – dizia Antonio com uma voz tremula notavelmente nervoso.
- Quê? – quase gritou o menino sem entender direito a situação.
 Não demorou pro menino se levantar da cama rapidamente, por outra roupa e chegar logo chegar ao estacionamento no andar subterrâneo onde Bruno encontrou Antonio que o levou todo se tremendo até o ligar do “acidente”, coisa que fez Bruno relaxar um pouco pela vontade de rir.
- Tá ai seu Bruno. Essa é Sarah.
- Oi. Eu sou a Sarah...
Hora de falar um pouco de Sarah. Sarah era uma mulher visivelmente realizada, tinha duas lindas meninas de três anos gêmeas, um bom e bonito marido; Lucio; tinha uma boa vida, uma loja no shopping perto do prédio, estável, num bom prédio em Fortaleza, um casal perfeito, quem não iria querer uma vida dessas? Por mais que tudo seja aparentemente perfeito nem tudo é como parece, sobre os belos cabelos loiros e o corpo esculpido por Deuses de Sarah havia uma mulher solitária, alguém com poucos amigos. Sarah estava chegando do supermercado quando o carro foi um pouco mais pra frente incontrolavelmente. Não demorou para o porteiro ligar pra cobertura e chamar Bruno.
- Você... Vai ter que pagar! –disse o menino meio descontrolado com a mulher vendo a batida que havia amassado boa parte da porta traseira do veiculo. Logo ela já estava olhando o menino, ficou aparentemente surpresa.
- AH...
- Que droga... – tentou falar baixo.
- Como é seu nome querido?
- Bruno!
- Bruno...
- Sim, Bruno! – ainda estressado.
- Eu sou Sarah...
- Você já disse isso!
- Eu não tenho culpa. Não sei o que aconteceu, o carro acelerou sozinho.
- Eu não posso fazer nada Sarah.
- Meu marido vai me matar. – pondo as mãos na cabeça enquanto Antonio tirava os sacos com as compras que a mulher havia feito do carro.
 A pobre e solitária mulher chorou na frente do jovem rico.
- Desculpa... – disse a mulher quase chorando.
- Hum...
- Meu Deus! Sempre piora...
- Relaxa eu pago.
- Desculpa. – limpando o rosto cheio de lágrimas.
- Sem problemas. – sorriu pela primeira vez o menino.
- Desculpa...- a mulher limpava a lagrimas ainda envergonhada.
- Tudo bem, esquece.
- Não, eu pago, eu bati eu pago.
- Não precisa... – disse notavelmente mais calmo.
- EU pai BRUNO!
- Beleza...
- Muito obrigado querido. E desculpa de novo.
 Por fim, os dois resolveram levar os carros na tarde seguinte ao concerto. Bruno logo ligou pro pai contando tudo. Os dois foram juntos no elevador:
- Não tem de que... Você é nova no prédio?
- Não, eu já moro aqui há quase dez anos.
- Humm, nunca tinha te visto antes.
- Não saio muito de casa.
- Hum...
- Acontece...
- Nossos horários não se batem.
 Sarah rira admirando o menino que também acabou por rir da situação.  A mulher desceu no quinto andar. O garoto continuou sozinho no elevador até a cobertura. E logo ao sair do elevador encontrou Cássio sentado no chão escorado na porta do apartamento de Bruno bebendo o vinho.
- Cássio? – exclamou Bruno surpresa. – Hoje o negócio tá movimentado. – sussurrou.
- Oi Bruno! Finalmente. Pensei que você tivesse em casa, as luzes estão ligadas.
- Tive que dar uma saidinha rápida.
- Hum... Posso entrar? – perguntou Cássio nitidamente envergonhado.
- Pode sim Cássio! – disse o menino rindo da situação.
- Valeu!
 Cássio logo comprimento Bruno beijando sua bochecha e os dois entraram no apartamento.

 Ju estava sem sono naquela noite. Havia sido um dia meio triste pra garota. Ela escovava os cabelos quando viu Junior na porta a olhando...
- Fui beber água e vi que cê ainda tava acordada.
- Tô sem sono...
- Ansiosa pro seu primeiro dia de aula?
- Hurrun... – disfarçou a menina.
- Queria pedir desculpas se eu fui grosso com você naquela hora!
- Num tem anda, relaxa!
- Eu só quero que você seja feliz maninha.
- Eu sei.
- Você é menina mais linda que eu conheço. Menina bêbada é muito feia.
- Isso é machismo.
- Não! É questão de cuidado com você e sua imagem.
- Sei!
- Você não precisa bódar pra curtir a festa.
- Hurrun...
- Bebida não leva a lugar nenhum. Fora que o papai e a mamãe ia m ficar bem decepcionados.
- É eu sei!
- Sabe sim.
- Hurrun...
- Tô indo, sono bateu aqui.
- É, eu também vou tá ficando tarde...
 Ju desligou a luz de seu quarto. A menina pensou em Pedro. Não sentia raiva dele. E estava disposta a superar tudo que havia acontecido. Pra tudo ficar melhor. Ia ser melhor pra todo mundo. Menos pra ela...
- Nunca tinha vindo aqui né Bruno?
- Não.
- Casa bonita. A cobertura é diferente, minha sala é menor que a sua...
 O garoto tentava abrir o vinho trago pelo vizinho.
- Você está mais lindo do que nunca.
- Brigado, você está bem mais forte que na época de escola.
- Quem trabalha em academia tem muito esforço.
- Você trabalha em academia?
- Hurrun.
- Qual?
- Essa aqui perto do prédio, na esquina.
- Sério?
- Sério.
- É sim.
- Legal, que maneiro.
- Pois é.
- Quando foi a ultima vez que nós conversamos?
- No aniversário da Ju.
- Hum...
- Desculpa, eu sei que eu num te dei muita moral antigamente...
- Sem problemas.
- Tô bem melhor depois de ouvir isso, fiquei com medo de você achar que eu era um cachorro.
- Que é isso Cássio, sempre gostei de você, desde a escola.
- Mil arrependimentos de não ser seu amigo naquela época.
- Mas somos agora.
- Que bom.
- Namorando ainda?
- Não!
- Você é maravilhoso, pena que nunca tive chance.
- Teve sim.
- Quando?
- Mil vezes. Se você não lembra nesse ano eu estava no teu lado no Morro Branco, você ficou na casa vizinha a minha com seus amigos, eu te vi na festa umas duas vezes, cê tava ficando com um carinha. E na outra vez você sorriu e nem me deu moral.
- Eu tinha medo de você ser boçal.
- EU?
- Você tem fama.
- Para!
- Mas agora eu sei que você é muita gente boa. Ainda tenho chance?
- Hum... Que vinho bom né!
- Melhor seria eu sentir o gosto dele na tua boca – sensualizando Cássio.
- Ui! Pera ae, vamo com calma garoto. – disse Bruno rindo.
- Eu sei que você me acha gostoso...
- É eu acho sim.
- E eu te desejo meu menino.
- Hum... Então tá. – disse o menino pensando que era muito fácil. Fato!
- Tá?!
- Pode ser...
- Pode...? – disse Cássio beijando o menino que ainda segurava a taça com o vinho.
 Não demorou muito pros amassos esquentarem e colocar um fim na frieza daquela noite foi questão de segundos. Porque BBP jamais desperdiça uma oportunidade de curtir...

As pequenas e belas Laura e Larissa dormiam enquanto a mãe pairava pelo quarto que parecia ser repleto de coisas rosa. As duas meninas era meigas e doces, gêmeas, eram branquinhas e loiras de cabelos extremamente curtos e singelos. A mãe coruja lentamente desligou a luz do abajur rosa que estava no meio entre as duas camas. Nitidamente nervosa. Sarah tentou se acalmar olhando pras meninas. Frutos de uma grande paixão que agora se tornara apenas lembranças. A mulher atravessou a casa foi até o marido, Rafael e o beijou. O executivo ainda trabalhava, Rafael se comunicava com algum empresário japonês interessado em seu trabalho. Rafael trabalhava em um famoso moinho da cidade. Era da exata altura da esposa. Tinha um corpo acomodado, não gordo, mas sem exercícios. Mal sentiu o beijo da mulher e não tirou os olhos do computador durante isso. Sarah prosseguiu pela casa foi até a área de serviço, fechou a porta que levava a cozinha e pegou o celular...
- Breno? – a voz da mulher falhava de nervosismo.
- OI? – o homem parecia ter acabado de acordar...
- Porque você escondeu ele de mim? – disse a mulher tentando conter o nervosismo e falar baixo pro marido não notar nada.
- O que cê tá falando Sarah?
- Meu filho?
- Como?
- Eu vi ele hoje, eu falei com ele...
- Ah...
- Você não tinha o direito de esconder isso de mim.
- Eu tenho todos os direitos que eu quiser Sarah.
- Não você não tem.
- Tenho!
- Não...
- Você abandonou a gente...
- Você era casado
- Você não se importava disso quando tava transando comigo. Porque tava sendo muito bem paga...
- Eu...
- Era uma vadiazinha de quinta.
- Você não pode esconder ele de mim?
- Não vou esconder ele. Só quero que vocês não tenham amis contato.
- Ele é meu filho!
- Eu não quero que o Bruno descubra que é filho de uma prostituta.
- Breno!
- Sarah, essas é minha ultima palavra. Se não... Eu tiro o apartamento que EU dei pra você. E seu maridinho fracassado vai saber tudo sobre seu passado cheio de homens e orgias.
- Você não tem esse direito.
- Tanto tenho como é oficial. Não chegue perto do MEU filho!
 A mulher desligou o celular repulsivamente e caio em prantos. Tentou chorar baixo. Como se pudesse diminuir o som de sua dor. Não se pode abafar uma cicatriz. Isso ainda não acabou...

Naquela noite o mar estava arredio. A cidade ainda excitou em dormir. Assim como os corações de muitos de seus habitantes. Junior não conseguiu dormir facilmente, precisou pegar uma misteriosa caixa debaixo de sua cama e usar o que ela guardava. Juliane chorou um pouco até conseguir finalmente dormir. Pedro ainda olhava as fotos com a namorada no computador. Diana dormiu sozinha e sonhando com a chegada do namorado no sofá de Cássio que dormiu abraçado com Bruno. Gustavo não atendeu aos telefonemas de Henrique naquela noite, apenas deitou- se e disse:
- Hoje já deu o que tinha que dar!
 A semana só estava começando. Ainda temos muito pela frente. Vamos que vamos!

(nota = Bruno Bebê Príncipe)